6.12.13

«A Demanda» de regresso a Pombal

O espectáculo «A Demanda», pelo Teatro Amador de Pombal, está de regresso aos palcos de Pombal, desta vez, no Auditório da Biblioteca Municipal de Pombal, no próximo dia 14 de Dezembro, pelas 21h30, no âmbito do Ciclo de Teatro Amador organizado pelo INATEL. A entrada é livre.



Com encenação de Rui M. Silva, o espectáculo «A Demanda» — a partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela» de Paulo Moreiras — conta no elenco com as actuações de Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão.

O espectáculo estreou a 21 de Janeiro de 2012, no Teatro-Cine de Pombal, tendo sido visto por cerca de cinco mil espectadores, em mais de trinta espectáculos de Norte a Sul de Portugal.

O espectáculo «A Demanda» arrecadou quatro prémios CALE na sétima edição do CALE-se - Festival Internacional de Teatro - 2013, um festival de carácter competitivo, único do género a nível nacional, organizado pelo Cale Estúdio Teatro - Associação Cultural de Actores, numa parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e a Freguesia de Canidelo. O Júri deliberou atribuir o prémio «Melhor Espectáculo» ao Teatro Amador de Pombal, pela peça «A Demanda»; o Prémio «Melhor Encenação», a cargo de Rui M. Silva; o Prémio «Melhor Interpretação Masculina», atribuído ao actor Luís Catarro; o Prémio «Melhor Cenografia», sob a responsabilidade de José Silva.

29.11.13

Dia da Livraria e do Livreiro 2013


Assinala-se amanhã o Dia da Livraria e do Livreiro.
Não deixe de comprar um livro e passar por uma livraria.

Mais informações: http://diadalivrariaedolivreiro.wordpress.com/

28.11.13

Os Sete Demónios


Os Sete Demónios é um livro de contos subordinado à temática do Natal, com um título assaz curioso para um livro cheio de religiosidade e de adoração por essa celebração festiva. Editado em Lisboa, no ano de 1926, pela Emprêsa Literária Fluminense, encontra-se assinado por Maria Magdalena. Contudo, o nome da autora é muito parco para revelar a enorme escritora, ensaísta e poetisa que viveu muitos anos em Pombal, numa propriedade que a família possuía em Flandes. Referimo-nos a Maria Madalena Valdez Trigueiros de Martel Patrício, filha de João Campelo Trigueiros Martel e Maria Henriqueta Mascarenhas Godinho Valdez, nascida em Lisboa a 19 de Abril de 1884 e falecida em 1947.

Martel Patrício publicou em 1915 o seu primeiro volume de poemas, em francês, intitulado Le Livre du Passé Mort, que mereceu as mais elogiosas referências da crítica, seguindo-se outras obras de prosa, poesia e ensaio, tanto em língua francesa como portuguesa. Nas suas Memórias, Raul Brandão escreveu: “Madalena Trigueiros de Martel Patrício, pequenina, vivíssima compleição de artista, gostos aristocráticos, fazendo versos em francês e duma alegria comunicativa”.

Martel Patrício correspondia-se com Selma Lagerlöf, prémio Nobel da Literatura em 1909, com o Visconde Júlio de Castilho ou com Maria Amália Vaz de Carvalho, entre tantos outros notáveis da cultura portuguesa e internacional. Fez parte do Instituto de Coimbra, da Associação dos Arqueólogos Portugueses e pertenceu à Société des Gens de Lettres de France. Colaborou em várias revistas e jornais e manteve uma secção dedicada especialmente às mulheres e às crianças, no jornal O Comércio do Porto.

No livro, Os Sete Demónios, destaque para o conto Os pêssegos, escrito em Flandes, Pombal, em Outubro de 1926, onde a autora narra a história do padre António da Conceição, também conhecido por Beato António, a caminho do mosteiro de Santa Maria da Batalha onde iria dizer a missa de Natal. Curiosamente, a personagem, o Beato António, religioso da Congregação de S. João Evangelista, nasceu em Pombal a 12 de Maio de 1522 e morreu em Maio de 1602, tendo sido beatificado logo após a sua morte1. 

No seu livro autobiográfico Le Rosaire de la Vie: Les Fleurs d’Amandiers, Martel Patrício refere as célebres tijeladas de Pombal, tão apreciadas pelos soldados de Napoleão e que faziam as suas delícias2, entre tantas outras referências e histórias sobre a vida social e cultural do seu tempo na então Vila de Pombal. Alguns dos seus livros estão disponíveis para consulta na Biblioteca Municipal de Pombal, no Fundo de Autores Locais.

Em 1934, Maria Madalena de Martel Patrício foi nomeada para o Prémio Nobel de Literatura, por António Pereira Forjaz e Bento Carqueja, membros da Academia Real das Sciencias de Lisboa, que, nesse ano, seria atribuído a Luigi Pirandello.


Notas
1 Cfr. Agostinho Gomes Tinoco, Dicionário de Autores de Leiria, Leiria, 1979, p. 129.
2 Cfr. Maria Madalena de Martel Patrício, Le Rosaire de la Vie: Les Fleurs d’Amandiers, Sociedade Industrial de Tipografia, Lisboa, 1937-1938, p. 189.

21.11.13

Ruas com livros dentro

Por todas as cidades é frequente encontrar uma ou outra placa toponímica homenageando escritores portugueses, uns porque aí nasceram, outros porque aí habitaram. Mas nunca o homenageado foi o próprio livro. E isso encontra-se em Pombal, ao longo de vinte e seis ruas, numa pequena biblioteca com vinte e seis livros. Imagine, caro leitor, o que é dizer aos seus amigos, quando lhes indica a sua morada, que vive na Rua das Gaivotas em Terra, referência ao primeiro romance de David Mourão-Ferreira, ou então no Beco d’Os Gatos, obra de Fialho de Almeida. Certamente ficarão estupefactos e lhe perguntarão, desconfiados, se é mesmo verdade. Pode acreditar. Mas ainda há mais. Por exemplo, a Rua d’A Musa em Férias, de Guerra Junqueiro, a Rua d’Os Adoradores do Sol, de Fernando Namora ou a Rua do Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente. Uma verdadeira biblioteca de obras portuguesas se acha pelas ruas da cidade de Pombal, no centro do país.


Tudo aconteceu em 1996, quando em reunião de Câmara, a 4 de Outubro, o Município de Pombal deliberou as denominações toponímicas a atribuir para algumas ruas da cidade de Pombal e da Charneca, privilegiando os livros em si e não directamente os seus autores. Este será talvez um dos melhores elogios que alguma vez se realizaram em Portugal em prol da nossa literatura. Seguramente será também uma boa promoção do livro e da leitura, tão importante nos dias da iliteracia de hoje. Quantos dos seus moradores não se terão já questionado sobre aquele livro que designa a rua onde habita e não terão partido à sua descoberta.

Não querendo pecar por míngua ou omissão, prefiro correr o risco de ser fastidioso mas deixar registado em letra redonda os livros que se podem passear por Pombal. Assim, encontramos, além das referidas, a Rua d’O Fidalgo Aprendiz (D. Francisco Manuel de Melo); a Rua d’Os Lusíadas (Luís Vaz de Camões); a Rua da Cartilha Maternal (João de Deus); a Rua (António Nobre); a Rua dos Emigrantes (Ferreira de Castro); a Rua d’O Monge de Cister (Alexandre Herculano); a Rua Menina e Moça (Bernardim Ribeiro). — Na Urbanização da Bela Vista: Rua da Mensagem (Fernando Pessoa); Rua d’A Morgadinha dos Canaviais (Júlio Dinis). — Na Urbanização de São Cristovão: Rua d’O Primo Basílio (Eça de Queiroz); Rua d’A Sibila (Agustina Bessa-Luís); Rua do Leal Conselheiro (D. Duarte); Rua d’A Sobrinha do Marquês (Almeida Garrett); Rua da Estrela Polar (Vergílio Ferreira). — Na Urbanização da Senhora de Belém: Rua da Peregrinação (Fernão Mendes Pinto); Rua do Memorial do Convento (José Saramago); Rua d’Este Livro Que Vos Deixo (António Aleixo); Rua do Amor de Perdição (Camilo Castelo Branco); Rua do Orfeu Rebelde (Miguel Torga); Rua das Décadas da Ásia (João de Barros). E por fim, na Charneca, nada mais a propósito do que a Rua da Charneca em Flor (Florbela Espanca).

Só mais um pequeno conselho, caro leitor. Antes de iniciar o seu passeio à descoberta da nossa literatura, vá munido de um sápido lanche. Procure pelas bandas do Largo do Cardal pelas queijadas da Ti Maria Rata ou pelos Cardalinhos, verdadeiros ex libris da doçaria pombalense. Vai ver que o passeio lhe sabe pela vida.

1.11.13

O meu primeiro dicionário

Sempre gostei de dicionários e tenho por eles um particular fascínio. Dicionários que vão desde o Vocabulário de Bluteau ao Dicionário de Zoologia, do Dicionário de Domingos Vieira ao Dicionário Houaiss, só para citar alguns exemplos.

Quando pequeno era curioso e cedo manifestei uma grande vontade de saber, de conhecer, de compreender como o mundo e as coisas funcionavam. Infelizmente, em minha casa, não existiram dicionários durante alguns anos.


Foi em casa de um amigo que desenvolvi uma secreta paixão por um dicionário que ele então possuía e ao qual não dava importância nenhuma, tendo-o por lá abandonado a um canto. Quando o visitava, entre uma e outra brincadeira, quedava-me a folhear aquele repertório de informação. Era um Dicionário Enciclopédico Ilustrado que, além das palavras, possuía também vários retratos, mapas e diagramas que mostravam o porquê das coisas e quem eram aquelas estranhas figuras. Tanto namorei o dito que certo dia fiz uma proposta de troca ao meu amigo: dava-lhe o meu pequeno navio de guerra, em metal, belo e exuberante — naqueles tempos sonhava em ser marinheiro, e aquele era o meu totem, o emblema que representava o meu sonho futuro de rapazola — pelo seu dicionário, velho e gasto, com algumas páginas rasgadas e um ar bastante antiquado. Nem pensou duas vezes. A alegria foi imensa, creio que para ambas as partes.


Nessa noite demorei-me a virar as páginas, vislumbrando e maravilhando-me com o que aquele dicionário continha, abraçado a ele como se fosse um velho sábio que tinha tudo para me ensinar. Ainda hoje o estimo e guardo junto dos outros que entretanto foram ampliando a minha secção de dicionários.


O meu primeiro dicionário foi o Dicionário Enciclopédico Brasileiro Ilustrado (4.ª ed., 1953), com uma capa forrada a tecido, de toque agradável. Foi lá que aprendi os deuses da mitologia grega e romana; o nome de muitos escritores e suas obras; quem tinham sido Beethoven, Bizet ou Mozart e o que compuseram; sobre a Idade Média, com os cavaleiros e as armaduras ou os Índios, da América do Norte ou da Amazónia; tudo com ilustrações que faziam agigantar a minha imaginação.


Durante muitos e largos anos, aquela foi a fonte onde fui saciar a minha curiosidade. Em boa hora decidi trocar um brinquedo por outro que me abriu os horizontes, não marítimos, mas intelectuais.

24.10.13

Os "Bingadores"




No dia em que se assinala o lançamento mundial da nova aventura de Astérix e Obélix, intitulada Astérix entre os Pictos (Edições Asa), desta vez assinada por Didier Conrad (desenho) e Jean-Yves Ferri (argumento), não queria deixar de recordar uma curiosidade sobre o genial criador da dupla de heróis gauleses, René Goscinny (1926-1977), um dos maiores e prolíficos argumentistas de banda desenhada do mundo.

Poucos saberão que, em toda a sua vasta obra, Goscinny apenas deixou um único romance publicado, Tous le visiteurs à terre (Denöel, 1969), sobre as aventuras e desventuras de várias pessoas a bordo de um paquete de luxo, demonstrando assim a sua paixão por paquetes, onde aliás, durante uma viagem, veio a conhecer a sua futura esposa.

Em Portugal, o romance de Goscinny foi publicado em 1972, sob a chancela da Lello & Irmão Editores, com o inusitado título de Os "Bingadores", numa tradução de J. Couto Borges. O próprio tradutor, em explicação preliminar, tenta esclarecer a sua opção, tendo em conta que a «versão literal não era de considerar». A solução encontrada foi Os "Bingadores", «numa clara alusão ao nome duma série que obteve (…) bastante êxito na TV» — Os Vingadores — e porque o jogo do bingo «constitui tradicionalmente uma das distrações quotidianas na vida de bordo, em todos os navios de passageiros de todos os países». A esse jogo, Goscinny dedica o capítulo nove, justamente com o título Bingo!

Escrito num tom satírico e recheado de humor e ironia, René Goscinny encerra num paquete de luxo uma galeria de personagens, descrevendo as suas fobias e manias, em que a pouco e pouco vamos ficando a conhecer a sua vida a bordo e as relações sociais que se vão estabelecendo durante a viagem. Como referido na contracapa, «veremos que, no decurso duma viagem, o mais luxuoso paquete se transforma depressa numa pensão familiar, com as suas preocupaçõezinhas mesquinhas, as suas maledicências, os seus jogos obsoletos, as suas festas sem originalidade, as suas cansativas excursões em terra». É curioso verificar que o gosto particular de Goscinny por navios também se encontra patente nas aventuras de Astérix e Obélix, nas suas viagens e nos fatídicos encontros com os piratas.

Se tiver oportunidade de encontrar um exemplar pelos alfarrabistas, embarque também o leitor e delicie-se nesta viagem, mas não se esqueça, como aconselha o autor: «estar nas boas graças do chefe garante uma boa mesa na sala de jantar».


Obs.: Em França, Tous le visiteurs à terre conheceu mais duas edições; uma em 1997 (Actes Sud) e outra, profusamente ilustrada, em 2010 (IMAV Editions).



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René Goscinny
Os "Bingadores"
Lello & Irmão Editores
188 páginas

22.10.13

Transmontanices - Causas de Comer


Polémico, combativo, saudosista, orgulhoso, são alguns dos predicados que podemos atribuir a Virgílio Nogueiro Gomes, reputado gastrónomo e acérrimo defensor da cozinha regional portuguesa, seja através das suas intervenções públicas, em artigos de jornal ou nas crónicas publicadas no sítio que mantém na internet. Algumas dessas crónicas foram agora vertidas em livro, «Transmontanices - Causas de Comer» (Edições do Gosto, 2010), compreendendo um arco cronológico que se estende de Fevereiro de 2000 até Julho de 2010 e um território preciso: Trás-os-Montes. Uma década de combate pela educação do gosto e, principalmente, pela preservação das nossas tradições culinárias e todas as suas idiossincrasias, algumas das vezes, em choque com as novas variáveis introduzidas pelo progresso. «Prefiro descrever as cozinhas regionais que, isso sim, o seu conjunto constitui o património culinário português», defende o autor.

Natural de Bragança, Virgílio Nogueiro Gomes começa por afirmar que não é fácil estabelecer as fronteiras da chamada cozinha regional, remetendo as suas reflexões culinárias para uma geografia que envolve os distritos de Bragança e Vila Real, em conformidade com a divisão administrativa estabelecida para a província de Trás-os-Montes. Outras dificuldades são apontadas, como a questão da «designação à transmontana enquanto identificadora de um prato e da região». De acordo com o autor, podem ser consideradas, dentro desta região, três grandes sub-regiões: Terra Fria, Terra Quente e as arribas do Douro. Numa tentativa de caracterizar a culinária regional, o autor indica as influências provocadas pelos trabalhadores que, ciclicamente, foram ocupando ou passaram pelo território transmontano, deixando os seus hábitos e os seus ingredientes como testemunho. Naturalmente, a «evolução dos hábitos alimentares nesta região foi acontecendo lentamente, mas com cuidado», adverte Virgílio Nogueiro Gomes, o que permitiu criar uma região «rica em produtos, confecções simples e mesa farta».

Salteando e apimentando as suas crónicas com nótulas históricas e episódios caricatos, o autor vai tecendo várias considerações sobre os tradicionais pratos à transmontana, num périplo pelo receituário português desde os tempos de Domingos Rodrigues, cozinheiro da corte de D. Pedro II e autor do primeiro livro de cozinha editado em Portugal, «Arte de Cozinha» (1680), até ao livro «Cozinha Tradicional Portuguesa» (1982), inventário rigoroso da autoria de Maria de Lourdes Modesto, sem esquecer os contributos de Lucas Rigaud (1780), João da Mata (1876), Carlos Bento da Maia (1904) ou Olleboma (1936), entre muitos outros. Um verdadeiro cardápio transmontano, cheio de história e sabor.

Alguns dos rituais associados à cozinha, ainda em voga em algumas casas, também são descritos pelo autor, como é o caso da matança do porco, detalhadamente relatada, num primoroso registo etno-antropológico: «Nunca se marcava a matança em período de Lua em quarto minguante, para evitar que a carne minguasse ao ser cozinhada»; e a subsequente confecção dos tradicionais enchidos transmontanos: chouriços de verde e doces, azedos, enchidos de pão, alheiras, butelos, linguiças e salpicões, sem esquecer os presuntos. Associados a estes rituais existiam também práticas culinárias muito próprias: «Num dos dias mais aliviados ou no dia de encher os "butelos", comia-se o famoso "guisado de ossinhos", ao qual se adicionava a mioleira batida com ovos».

Uma das guerras mais fervorosas travada por Virgílio Nogueiro Gomes, e bastamente enunciada ao longo do livro, é sobre a questão das alheiras, que nem de propósito acabaram de ser eleitas como umas das sete maravilhas da gastronomia portuguesa. Para o autor, existem muitas adulterações seja à sua produção, seja à sua confecção, tal como afirma: «Uma coisa é evoluir, outra é adulterar». No cerne da questão estão as designadas alheiras de bacalhau e alheiras vegetarianas, que tanta celeuma provocou ao autor, que defende que tais produtos deveriam ser chamados de enchido de bacalhau e enchido vegetariano. «Por favor, chamem o que quiserem a estes produtos mas não lhe chamem alheira», insurge-se o autor, afirmando que o que está em causa não é o produto, mas apenas a sua designação. Uma luta que vinca fortemente as causas culinárias com as quais Virgílio Nogueiro Gomes se bate e galhardamente, para nosso bem.

Como curiosidade, durante o Estado Novo, por ordem de António Ferro, no primeiro regulamento de concessão das Pousadas de Portugal, em 1939, os seus restaurantes deveriam, obrigatoriamente, servir receituário regional de acordo com a sua respectiva localização. Pena foi que o autor não tivesse desenvolvido mais esta questão.

Para finalizar, usamos as palavras de Inês Pedrosa, que assina o prefácio da obra: «De qualquer modo, com um livro assim, não há que temer pela degenerescência do paladar português.»



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Transmontanices - Causas de Comer
Virgílio Nogueiro Gomes
Edições do Gosto
172 páginas

10.10.13

«Caril e Outras Receitas Amorosas»

No próximo sábado, pelas 19h00, estarei no Restaurante Tendinha, em Mem Martins, para apresentar um livro de contos-gastronómicos da autoria de Fausto Marsol intitulado «Caril e Outras Receitas Amorosas».



Mais informações aqui.

17.9.13

Modas e Mitos da Literatura

Com Maria Bochicchio, Paulo Cunha e Silva e Vasco Graça Moura irei falar sobre «Modas e Mitos da Literatura», no próximo dia 19, quinta-feira, pelas 21h00, na Fábrica de Santo Thyrso, no âmbito da S, L, M, XL - Fashion and Design Week. 


«Pretende-se uma conversa performativa que tente evidenciar alguns dos modos como Moda e Literatura geram pontes verdadeiramente surpreendentes. Os temas propostos destacam o papel de relevo que a Moda desempenha na Literatura, muitas vezes à revelia desta. A ilustração é conseguida através de imagens e acontecimentos que pretendem pôr em cena o carácter da Literatura, simultaneamente, de doação e de apropriação, ao mesmo tempo que performatizam, tanto o poder autofágico e canibal desta, como o sua vocação comunicativa. Convidados Maria Bochicchio, Paulo Cunha e Silva, Paulo Moreiras e Vasco Graça Moura (Valise d'Images, vídeo-perfomance).»

Mais informações aqui.

16.9.13

«Na Ponta da Língua» em Santo Tirso

No próximo dia 20, sexta-feira, pelas 18h30, estarei na Fábrica de Santo Thyrso para falar sobre alguns curiosos exemplares da nossa doçaria «Na Ponta da Língua», na companhia de Rosa Alice Branco, no âmbito da S, L, M, XL - Fashion and Design Week.


«Na Ponta da Língua
Documentário ao vivo dos exemplos da moda conventual na doçaria portuguesa. A língua deleita-se com as delícias culinárias e com as palavras que lhes dão nome, introduzindo assim uma doçura dúplice cheia de erotismo. A sátira do sagrado não o compele a mergulhar numa dimensão profana, já que o registo de humor se esgueira por entre os meandros dos nomes que adoçam a língua.
Convidado Paulo Moreiras (Valise d'Image, recolha e projeção de imagens).»

Mais informações aqui.

6.9.13

«Os Olhos de Tirésias» no Candal


Amanhã estarei na Festa da Música, no Candal, pelas 18h30, para apresentar o romance de Cristina Drios, «Os Olhos de Tirésias». Apareçam.


Mais sobre a Festa da Música e respectiva programação, aqui e aqui.

Sobre a autora e «Os Olhos de Tirésias», aqui.

3.9.13

Quase

Hoje, ao romper da aurora, dei por mim a cogitar sobre alguns dos versos de Mário de Sá-Carneiro, um dos poetas da minha adolescência. Talvez naqueles tempos não compreendesse a totalidade deste poema, mas hoje, tantos anos passados, a sua luz espraia-se com outra cor, revelando-me um caminho mais definido e, enfim, compreendido.

Quase
Mário de Sá-Carneiro

Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…

Assombro ou paz? Em vão… Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido…

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão…
Mas na minh’alma tudo se derrama…
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo… e tudo errou…
– Ai a dor de ser – quase, dor sem fim…
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou…

Momentos de alma que, desbaratei…
Templos aonde nunca pus um altar…
Rios que perdi sem os levar ao mar…
Ânsias que foram mas que não fixei…

Se me vagueio, encontro só indícios…
Ogivas para o sol – vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios…

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí…
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi…

Um pouco mais de sol – e fora brasa,
Um pouco mais de azul – e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…

6.6.13

Os Mistérios do Abade de Priscos


Na revista LER deste mês escrevo sobre «Os Mistérios do Abade de Priscos», de Fortunato da Câmara, edição A Esfera dos Livros, uma espécie de volta ao mundo da gastronomia em 80 histórias, cheias de curiosidades, lendas e episódios caricatos.

3.6.13

«O Ouro dos Corcundas» em Sines

No dia 20 de Julho, sábado, pelas 17h00, estarei na Capela da Misericórdia, junto ao castelo de Sines, para falar sobre o meu romance «O Ouro dos Corcundas», a convite da Livraria A das Artes, na Feira do Livro e do Disco, integrada no FMM - Festival Músicas do Mundo.



31.5.13

«A Demanda» no Festival Teatremos


O espectáculo «A Demanda», pelo Teatro Amador de Pombal, sobe ao palco do Cine-Teatro de Porto de Mós, no próximo dia 3 de Junho, segunda-feira, pelas 21h30, no âmbito do VIII Festival de Teatro Teatremos, numa organização do Município de Porto de Mós.

20.5.13

Feira do Livro de Lisboa 2013




















No próximo dia 26 de Maio, domingo, pelas 16h00, estarei na Feira do Livro de Lisboa, na Praça LeYa, para autografar os meus romances. Apareçam.

14.5.13

A Viagem dos Cem Passos


Filho de um canadiano com raízes portuguesas e de uma nova-iorquina, foi por um acaso que o norte-americano Richard C. Morais (n. 1960) nasceu em Portugal, mais propriamente, em Lisboa, tendo vivido em Cascais. O pai, filho de um cônsul português que esteve estacionado na Terra Nova durante a Segunda Guerra Mundial, ao atingir a maioridade optou pela nacionalidade canadiana. Anos mais tarde, ao trabalhar para uma empresa canadiana na área dos alumínios foi enviado para Portugal e Espanha para desenvolver as operações da empresa a nível europeu. Com dez meses de idade, a família mudou-se para Zurique, Suíça, onde Richard cresceu até se mudar para os Estados Unidos, passando as férias de verão regularmente em Portugal, na companhia dos seus avós aposentados, na zona de Cascais e na Praia do Guincho.

«A Viagem dos Cem Passos» (Dom Quixote, trad. Ana Lourenço) é o seu primeiro romance e foi bastante bem recebido pela crítica ao ponto de Anthony Bourdain, famoso chef, ter considerado este como «provavelmente o melhor romance de sempre ambientado no mundo da culinária».

Ao unir dois mundos culinários, à partida, tão antagónicos e cheios de especificidades, como são a cozinha indiana e a cozinha francesa, Richard Morais consegui um grande feito literário, oferecendo-nos uma narrativa repleta de memória e emoção, amizade e amor, destino e acaso, bem como deliciosas descrições gastronómicas, como se o autor de um verdadeiro chef se tratasse.

A história dá-nos a conhecer Hassan Haji, nascido no seio de uma família muçulmana pobre em 1975, por cima de um restaurante fundado pelo avô (Bapaji) e gerido com firmeza por seu pai (Abbas), na antiga cidade de Bombaim Ocidental, hoje conhecida como Mumbai, «essa metrópole fervilhante para onde as pessoas vão há muito deixar a sua marca», que desde muito cedo começa a apreender os cheiros da cozinha que o rodeiam, impregnando o seu ser de uma poderosa memória olfactiva e emotiva, capaz de, muitos anos depois, já em adulto, recorrer a eles para reinventar a sua gastronomia. Nesse restaurante, Hassan convive com toda a sorte de iguarias e especialidades indianas confeccionadas pelas sábias mãos de sua avó, Ammi, que ele observa atentamente, «entrando pela primeira vez no transe mágico» que desde então o passa a dominar sempre que cozinha. O destino, que a maior parte das vezes se manifesta através de fortuitos acasos, começa a delinear as linhas do seu futuro, que se revelará a milhares de quilómetros de distância. E tudo começa com uma experiência gastronómica proporcionada por sua mãe, Tahira, que o leva a um restaurante francês em plena Bombaim. E é esse mesmo destino que se encarrega de guiar Hassan pelos trilhos da descoberta das mais variadas culinárias, passando pela Grã-Bretanha e pela França, onde acabará por se instalar numa pequena aldeia, Lumière, e onde o mesmo destino o colocará frente-a-frente com maior demonstração da sua arte culinária, pois o destino é uma coisa poderosa: «Não podemos fugir dele. No fim vence sempre.»

É em Lumière, «la France profonde», que Hassan desenvolve o seu conhecimento sobre a culinária francesa, pela mão de uma chef, Gertrude Mallory, proprietária de um restaurante com duas estrelas Michelin, que percebeu que aquele indiano tinha «aquele algo misterioso que surge num chef uma vez em cada geração» e que ele era simplesmente «um grande artista.» A viagem continua por Paris, onde a sua ascensão meteórica decorre ao longo de vinte anos, tornando-se no mais talentoso chef em toda a França e o primeiro cozinheiro imigrante a receber três estrelas Michelin. Para esta apoteose concorrem duas situações: um encontro com um outro chef, Paul Verdun, que se tornará seu fiel amigo, pois eram feitos com os mesmos ingredientes, e posteriormente, aos 42 anos, uma dúvida existencial que o fará mudar radicalmente o estilo culinário, «transformando a haute cuisine em cuisine de jus naturel

Não deixa de ser curioso verificar como o destino de Hassan Haji está, de alguma forma, interligado com a fome do avô Bapaji («A minha vida na cozinha, em suma, começa com a grande fome do meu avô.») e, como num círculo, a narrativa se encerra com uma referência ao espaço famélico que agora habita, após a consumação do seu destino. «Desde há gerações.»

Um romance comovente e cheio de sabor.


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A Viagem dos Cem Passos
Richard C. Morais
D. Quixote
264 páginas

7.5.13

«A Demanda» no Festival de Teatro de Alvarim


O espectáculo «A Demanda», pelo Teatro Amador de Pombal, sobe ao palco da Associação Recreativa e Cultural de Alvarim (Tondela), no próximo dia 11 de Maio, sábado, pelas 21h45, no âmbito da 15.º FESTA – Festival Teatro Amador de Alvarim, numa organização da ARCA - Associação Recreativa e Cultural de Alvarim e TEIA – Teatro Experimental Intervenção de Alvarim.

Com encenação de Rui M. Silva, o espectáculo «A Demanda» — a partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela» de Paulo Moreiras — conta no elenco com as actuações de Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão.

6.5.13

As minhas escolhas


No passado sábado, na revista Atual do Expresso, indico algumas das minhas escolhas literárias de entre os livros que li recentemente e que mais me marcaram:

O Feitiço da Índia, Miguel Real

1493, Charles C. Man

As Aventuras do Capitão Alatriste – A Ponte dos Assassinos, Arturo Pérez-Reverte

As Últimas Vontades do Cavaleiro Hawkins, Jesús del Campo

Os Mistérios do Abade de Priscos, Fortunato da Câmara

As minhas leituras, como sempre, andam perdidas entre os romances históricos e os dedicados à história da gastronomia.

5.5.13

Quatro troféus para «A Demanda»




O espectáculo «A Demanda», uma produção do Teatro Amador de Pombal, arrecadou quatro prémios CALE na sétima edição do CALE-se - Festival Internacional de Teatro, um festival de carácter competitivo, único do género a nível nacional, organizado pelo Cale Estúdio Teatro - Associação Cultural de Actores, numa parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e a Freguesia de Canidelo.

O Teatro Amador de Pombal recebeu o Prémio «Melhor Interpretação Masculina», atribuída ao actor Luís Catarro; o Prémio «Melhor Cenografia», sob a responsabilidade de José Silva; o Prémio «Melhor Encenação», a cargo de Rui M. Silva; e «A Demanda» ganhou ainda o troféu de «Melhor Espectáculo», numa escolha do júri do Festival.

Com encenação de Rui M. Silva, o espectáculo «A Demanda» — a partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela» de Paulo Moreiras — conta no elenco com as actuações de Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão.

Mais informações sobre «A Demanda» podem ser consultadas na página do Teatro Amador de Pombal.


29.4.13

«A Demanda» na freguesia da Guia

O espectáculo «A Demanda», pelo Teatro Amador de Pombal, sobe ao palco da Casa da Música – Filarmónica da Guia, no próximo dia 3 de Maio, sexta-feira, pelas 22h00, no âmbito do Festival de Teatro de Pombal. Entrada livre.

Com encenação de Rui M. Silva, o espectáculo «A Demanda» — a partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela» de Paulo Moreiras — conta no elenco com as actuações de Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão.

«A Demanda» é um espectáculo que cativa o espectador do início ao fim, numa sucessão de peripécias e aventuras que ultrapassam a nossa imaginação. Fuas Bragatela nada mais é que o filho de um mestre alfaiate de Trancoso que escolhe para si buscar "venturas e fortunas". Percorrendo mundos e fundos na busca de uma vida melhor — denominador comum tanto a esta personagem do século XIV como do espectador do século XXI — ele irá cruzar-se com os mais diferentes personagens, viver contrariedades e sortes, aprender a vida vivendo-a. E graças a Fuas, todos nós poderemos sorrir, rir e (re)descobrir a emoção de vermos em palco alguém que comunica com a essência de nós mesmos.

Mais informações: http://festivaldeteatrodepombal.blogspot.pt

23.4.13

«A Demanda» na freguesia de Vermoil

O espectáculo «A Demanda», pelo Teatro Amador de Pombal, sobe ao palco da Sociedade Filarmónica Vermoilense, no próximo dia 26 de Abril, pelas 22h00, no âmbito do Festival de Teatro de Pombal. Entrada livre.

Com encenação de Rui M. Silva, o espectáculo «A Demanda» — a partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela» de Paulo Moreiras — conta no elenco com as actuações de Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão.

«A Demanda» é um espectáculo que cativa o espectador do início ao fim, numa sucessão de peripécias e aventuras que ultrapassam a nossa imaginação. Fuas Bragatela nada mais é que o filho de um mestre alfaiate de Trancoso que escolhe para si buscar "venturas e fortunas". Percorrendo mundos e fundos na busca de uma vida melhor — denominador comum tanto a esta personagem do século XIV como do espectador do século XXI — ele irá cruzar-se com os mais diferentes personagens, viver contrariedades e sortes, aprender a vida vivendo-a. E graças a Fuas, todos nós poderemos sorrir, rir e (re)descobrir a emoção de vermos em palco alguém que comunica com a essência de nós mesmos.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
«A Demanda» - A partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela» de Paulo Moreiras
Encenação e Espaço Cénico | Rui M. Silva
Dramaturgia | Paulo Moreiras
Elenco | Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão
Adereços e Figurinos | Elsa Silva
Cenografia | José Silva
Desenho de luz | João Alegrete
Fotografia | Gustavo Medeiros
Grafismo | Rapaz Improvisado
Produção | Filipe Eusébio e Elsa Silva

 
Mais informações: http://festivaldeteatrodepombal.blogspot.pt

Almanaque Bertrand 2013-2014

Na edição deste ano do Almanaque Bertrand escrevi algumas curiosidades sobre a história da ginjinha. Aproveitem o Dia Mundial do Livro para as descobrir, com ou sem elas.


22.4.13

Palitos de serviço

«Utensílio com múltiplas funções, o palito tem andado nas bocas do mundo, literalmente, desde tempos imemoriais. Sabe-se que os homens pré-históricos usavam e abusavam de tão afiada ferramenta. Dados a lautos bródios, onde a carne era a rainha da festa, estes hominídeos resolveram o problema de retirar de entre os dentes os resquícios dessas comezainas recorrendo a algumas hastes de madeira e a pedaços bem afiados de salgueiro ou de choupo. Assim começava a tradição de palitar os dentes após as refeições.»

Artigo completo na Viral Agenda.

18.4.13

O Sarilho do Príncipe Matraquilho no Louriçal

No âmbito do Festival de Teatro de Pombal, a Associação Recreativa e Desportiva do Louriçal acolhe o espectáculo infantil «O Sarilho do Príncipe Matraquilho», no próximo dia 21 de Abril, domingo, pelas 16h00. A entrada é livre.

Com encenação de Luís Catarro, «O Sarilho do Príncipe Matraquilho» conta com as interpretações de Cláudia Serrano, Joana Ferreira, Joana Mendes, Humberto Pinto, Marta Ferreira e Sara Pestana.

SINOPSE
Devido aos seus caprichos e à sua vida luxuosa, a Princesa Mafalda tem dificuldade em encontrar um príncipe com queira casar, encontrando-lhes sempre qualquer defeito, e levando a Rainha ao desespero. Contudo, certo dia, a Rainha muda as regras do jogo e transforma a vida da Princesa Mafalda. A Princesa irá então viver com um músico, numa casa pobre, sem luxos nem mordomias, a descascar batatas. Após algumas dificuldades, a Princesa Mafalda acaba por descobrir o verdadeiro amor da sua vida. Uma história onde o amor triunfa sobre as coisas materiais, num registo humorístico e cheio de peripécias. E o Matraquilho, quando é que entra em cena?
 
Mais informações Festival de Teatro de Pombal.

17.4.13

Casa cheia no arranque do Festival de Teatro de Pombal

«O Festival de Teatro de Pombal teve uma abertura auspiciosa no passado fim-de-semana, registando um grande afluxo de público que se deslocou ao Teatro-Cine de Pombal para assistirem ao concerto de Lula Pena e à estreia da nova produção infantil do Teatro Amador de Pombal.»
 
«A estreia do espectáculo «O Sarilho do Príncipe Matraquilho», a nova produção infantil do TAP, era aguardada com muita expectativa. O auditório do Teatro-Cine esgotou os seus lugares com a presença de várias famílias e as suas crianças, que se divertiram com as tropelias e alegrias da Princesa Mafalda e do Príncipe Matraquilho, o que atesta o enorme apreço que o grupo teatral de Pombal tem vindo a adquirir ao longo das edições do seu Festival de Teatro, construindo um público fiel e constante, sempre curioso pelo trabalho que o TAP vem desenvolvendo há trinta e sete anos.»
 
Continuar a ler aqui.

16.4.13

Almanaque da Amizade e do Vinho


A publicação de almanaques sempre registou forte tradição em Portugal de que são exemplo também os conhecidos Borda de Água, Prognóstico, Repertório ou Lunário. Embora não sendo um almanaque com as características próprias de uma publicação do género, não deixa de ser curioso verificar que um dos primeiros livros impressos em Portugal (Leiria, 1496), de Abraão Zacuto, era na verdade um almanaque: Almanach Perpetuum. Ao longo dos anos, os almanaques foram-se adaptando às circunstâncias sociais e culturais do seu tempo, tornando-se prática corrente a oferta de exemplares aos amigos por ocasião do Ano Novo. Ainda recentemente, a Bertrand fez renascer o seu mítico almanaque para 2010-2011 e a Tinta da China reeditou O Pauzinho do Matrimónio – Almanaque Perpétuo, com ilustrações de Rafael Bordalo Pinheiro.

Para celebrar o vigésimo aniversário do seu vinho Monte Velho, a Herdade do Esporão decidiu brindar os seus clientes com o Almanaque da Amizade e do Vinho, com textos de Maria João Freitas, ilustrações de Tiago Albuquerque e Adriano Lameira, e ainda o contributo de figuras públicas como Nuno Artur Silva, Clara Ferreira Alves, João Caraça, Helena Sacadura Cabral, Rui Cardoso Martins, Nuno Costa Santos, Mário Laginha, Manuel João Vieira, Eduardo Madeira e Luís Filipe Borges.

Textos curtos e muitas curiosidades estabelecem uma forte ligação entre a amizade e o vinho, pois a chegada de um amigo é sempre um bom motivo para beber esse precioso néctar. Pelo meio, espaço ainda para redescobrir alguns poemas que autores como Neruda, Borges ou Pessoa dedicaram ao vinho e conhecer algumas das superstições que lhe estão associadas, entre muitas outras preciosidades: sabia que Matusalém e Nabucodonosor são igualmente medidas de vinho, correspondentes a 6 e a 15 litros?

Eis um livro para degustar serenamente, como se de um vinho se tratasse.

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Almanaque da Amizade e do Vinho
Textos: Maria João Freitas
Ilustrações: Tiago Albuquerque e Adriano Lameira
Edição: Esporão Marketing e Vendas, S.A.
160 páginas

15.4.13

A memória dos livros

Desde os meus dez anos que me habituei a comprar livros em alfarrabistas. Já em Moçambique, no mercado de Xipamanine (Lourenço Marques), num certo dia em que me perdi das mãos de minha mãe, depois de algum desespero foi esta encontrar-me embevecido no interior de um alfarrabista, mirando aquele bazar de livros de outros tempos. Talvez tenha sido aí que começou o meu fascínio pelos livros, pelo seu cheiro e pela memória que eles encerram. Com o pouco dinheiro que ia amealhando, fruto de espórtulas familiares, ao invés de o torrar em cromos, comprava livros. Foi assim que comprei o meu primeiro Quixote, numa tradução de Aquilino Ribeiro, ou que comprei o meu primeiro livro de poesia, por exemplo, entre tantos, tantos outros. Mais de oitenta por cento da minha biblioteca é constituída por livros que foram adquiridos em alfarrabistas. Lembro também a importância que estes mercadores do livro tiveram na formação da minha pequena biblioteca dedicada ao género picaresco, quando certo dia, por ocasião da escrita do meu romance, A Demanda de D. Fuas Bragatela, elaborei um extensa lista de obras que pretendia ler, algumas delas, cogitava eu, seriam muito difíceis de achar. Percorri os alfarrabistas de Lisboa e consegui encontrar tudo aquilo que desejei. Recordo a alegria de regressar a casa com duas sacadas de romances que andavam perdidos pelas estantes e que eu tivera a sorte de conseguir. A felicidade de ter resgatado aqueles livros era imensa. E hoje, quando leio sobre o fecho de alguns desses alfarrabistas, dói-me o coração. Não mais terei a oportunidade de fazer o meu roteiro pelos alfarrabistas à procura dos meus pequenos tesouros, da literatura que compõe o meu ser e a minha memória. O desejo de qualquer escritor é ser lido e os alfarrabistas aí estavam para dar uma segunda vida aos livros, aos autores. Triste país este que vota ao oblívio toda uma memória colectiva.

11.4.13

Para memória futura

Em Fevereiro de 2009, por ocasião do Dia dos Namorados, o Colectivo Cuentiando, um grupo de contadores de histórias da Costa Rica, promoveu uma sessão de contos, intitulada «Cuentos para AMORtiguar», com base em contos de Eduardo Galeano, Enrique Jaramillo, Paulo Moreiras e Marina Colasanti.

O grupo escolheu o meu conto «La Conquista Suprema», publicado em 2006 na antologia «Alta velocidad -Nueva narrativa portuguesa», pela Lengua de Trapo, e que pode ser lido aqui.

Sobre o evento pode ler aqui e aqui alguns dos artigos de imprensa.

10.4.13

Do Erótico na Doçaria Portuguesa

«"Enquanto se capa não se assobia", diziam os antigos e com razão, uma vez que enquanto se faz algo não se deve fazer ou pensar em outra coisa. Infelizmente não segui tal preceito. Quis a minha desdita que no decurso de algumas pesquisas gastronómicas encontrasse um vasto conjunto de termos ou expressões usados na nossa doçaria tradicional, e de certa forma na dita “doçaria conventual”, utilizados para nomear determinadas iguarias, onde se notava um forte pendor erótico, por vezes explícito, por vezes dissimulado e que por ali andava o sexo escondido, sob o manto diáfano da fantasia culinária.»

Artigo completo na Viral Agenda.