Teatro

A Demanda
a partir do romance «A Demanda de D. Fuas Bragatela», de Paulo Moreiras
Encenação e Espaço Cénico - Rui M. Silva
Dramaturgia - Paulo Moreiras
Elenco - Bruno Cardoso, Catarina Ribeiro, Humberto Pinto, Inês Falcão, Luís Catarro e Rita Leitão
Adereços e Figurinos - Elsa Silva
Cenografia - José Silva
Desenho de luz - João Alegrete
Fotografia - Gustavo Medeiros
Grafismo - Rapaz Improvisado
Produção - Filipe Eusébio e Elsa Silva
Estreou no dia 21 de Janeiro de 2012, no Teatro-Cine de Pombal
SInopse
"A Demanda" é um espectáculo que cativa o espectador do inicio ao fim, numa sucessão de peripécias e aventuras que ultrapassam a nossa imaginação. Fuas Bragatela nada mais é que o filho de um mestre alfaiate de Trancoso que escolhe para si buscar "venturas e fortunas". Percorrendo mundos e fundos na busca de uma vida melhor – denominador comum tanto a esta personagem do século XIV como do espectador do século XXI – ele irá cruzar-se com os mais diferentes personagens, viver contrariedades e sortes, aprender a vida vivendo-a. E graças a Fuas, todos nós poderemos sorrir, rir e (re)descobrir a emoção de vermos em palco alguém que comunica com a essência de nós mesmos.
O fascínio da palavra
Paulo Moreiras
Em 2002 foi publicada "A Demanda de D. Fuas Bragatela", romance picaresco que narrava as aventuras e desventuras de Fuas Bragatela, nascido em Trancoso, que tinha por crença e na tineta que as altas cavalarias lhe estavam na massa do sangue. Esse romance preencheu-se com muita imaginação mas também com as minhas memórias, com as histórias que os meus pais me contavam quando era pequeno e com um imenso vocabulário, fruto do meu fascínio pelas palavras e pelas expressões populares portuguesas que encheram a minha infância. Por todo o romance perpassam reminiscências da paixão que nutro pelas nossas tradições populares, desde as superstições às maneiras como as relações sociais se desenvolvem entre diferentes estratos. Pretendia um quadro vivo, intemporal, da forma de estar dos portugueses, sobre o seu fatalismo e sobre o invío desejo sebastianista que carregamos na albarda. Mas acima de tudo, pretendia que o romance fosse uma homenagem à literatura satírica, com fundas raízes na nossa cultura.
Quando em 2010 fui convidado para escrever uma peça de teatro para o Teatro Amador de Pombal (TAP), a hipótese de levar à cena as aventuras de Fuas Bragatela surgiu naturalmente. A princípio achei a empresa tarefa hercúlea, uma vez que o romance é imenso, cheio de episódios e malhas que interligam toda a sua tecitura. A minha inexperiência teatral, contudo, prestes deu lugar a um fascínio pelas palavras que entretanto, durante o processo, se foram encontrando. O texto, mesmo após uma década, continuava vivo, cheio de vivacidade, alegria, riso e sátira. À experiência dos actores que compõem o TAP juntou-se o saber e o conhecimento do seu encenador, Rui M. Silva, com quem trabalhei e me revelou um outro Fuas Bragatela dentro do romance. A minha personagem renasceu e ganhou vida, como se querem todas as personagens inventadas, e do interior do romance brotou um outro Fuas Bragatela: livre, independente e com vida própria. Nada mais pode querer um escritor do que redescobrir as suas personagens e vê-las a reinventarem-se a si mesmas, plenas de movimento, acções e, principalmente, palavras ditas. Parta, pois, o espectador em sua demanda e não se arrependerá em momento algum.
Texto de encenação
Rui M. Silva
Uma longa viagem de mil milhas inicia-se com o movimento de um pé – Lao Tsé
Criar um espectáculo de teatro é sempre uma viagem. Tal como a vida, esta viagem é feita de partidas e chegadas, mas o que nela verdadeiramente importa é o percurso percorrido e a forma como esse percurso se desenrolou (e nós com ele).
Como encenador, não me adianta trazer comigo uma qualquer ideia de bolso à qual os actores tenham que se adaptar. As viagens não são coisas que se possam pré-determinar, são feitas de encontros e desencontros, desafios e crescimento – na urgência do agora (e na iminência do depois). Como diria Paulo Nizan, "a viagem é feita de irreparáveis desaparições" - nada mais acertado quando nos referimos a teatro.
Gosto de descobrir a linguagem cénica no espaço, em conjunto com os actores. Neste caso em particular descobri-la igualmente com Paulo Moreiras, o autor do romance "A Demanda de D. Fuas Bragatela", que serviu de ponto de partida para este trabalho. O meu intento foi fazer deste espaço de criação um sítio de descoberta, de prazer e liberdade onde cada um pudesse ser possível. E quando as pessoas se partilham com generosidade, como aconteceu a cada ensaio, creio que isso se torna visível ao exterior – e torna a viagem ainda mais gratificante para todos.
"A Demanda" ganhou vida própria a partir dos nossos encontros mas é no contacto com o público que finalmente caminhará pelo seu próprio pé.

Prémios CALE 2013
O espectáculo «A Demanda» arrecadou quatro prémios CALE na sétima edição do CALE-se - Festival Internacional de Teatro, um festival de carácter competitivo, único do género a nível nacional, organizado pelo Cale Estúdio Teatro - Associação Cultural de Actores, numa parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e a Freguesia de Canidelo. O Júri, constituído por Salvador Santos (Administrador do Teatro Nacional de S. João), Filomena Gigante (Actriz profissional) e Cândido Xavier (Director do CALE-se), deliberou atribuir o prémio «Melhor Espectáculo» ao Teatro Amador de Pombal, pela peça «A Demanda»; o Prémio «Melhor Encenação», a cargo de Rui M. Silva; o Prémio «Melhor Interpretação Masculina», atribuído ao actor Luís Catarro; o Prémio «Melhor Cenografia», sob a responsabilidade de José Silva.

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O Sarilho do Príncipe Matraquilho

Ficha Artística e Técnica
Encenação: Luís Catarro
Assistente de encenação: Catarina Ribeiro
Dramaturgia: Paulo Moreiras e Rita Leitão
Elenco: Cláudia Serrano, Joana Ferreira, Joana Mendes, Humberto Pinto, Marta Ferreira e Sara Pestana
Figurinos: Elsa Silva
Cenografia: André Pontes
Desenho de luz: João Alegrete
Fotografia: Gustavo Medeiros
Produção: Teatro Amador Pombal

Sinopse
Devido aos seus caprichos e à sua vida luxuosa, a Princesa Mafalda tem dificuldade em encontrar um príncipe com queira casar, encontrando-lhes sempre qualquer defeito, e levando a Rainha ao desespero. Contudo, certo dia, a Rainha muda as regras do jogo e transforma a vida da Princesa Mafalda. A Princesa irá então viver com um músico, numa casa pobre, sem luxos nem mordomias, a descascar batatas. Após algumas dificuldades, a Princesa Mafalda acaba por descobrir o verdadeiro amor da sua vida. Uma história onde o amor triunfa sobre as coisas materiais, num registo humorístico e cheio de peripécias. E o Matraquilho, quando é que entra em cena?